5 de setembro de 2008

Telejornalismo - Informação ou Opinião?

Para onde caminham nossos meios de comunicação, em especial a área de jornalismo? Há um tempo atrás havia uma padronização nos telejornais, costumavam ser duas edições, divididas em tarde e noite, aonde a maioria dos canais abertos concorriam pela audiência, mantendo o mesmo formato na apresentação das matérias.


Sempre achei cansativo esse modelo de jornalismo, pessoas sisudas, apresentando de maneira uniforme os principais acontecimentos da região, país ou mundo. Nunca aceitei que para passar credibilidade um jornalista ou repórter deva parecer um boneco sem vida. Acreditava que um jornal não precisava ser, necessariamente chato, para ser verdadeiro e transparente.


Eis que surgem os telejornais extremamente regionais, com uma linguagem popular, voltados à população carente que, honestamente mais parecem programas de auditório. A bancada dos apresentadores deu lugar a um “palco” aonde o apresentador anda de um lado para o outro se exaltando a cada noticia apresentada! O sensacionalismo volta com tudo nesse modelo que cativa cada vez mais a audiência.


Há telejornais que sorteiam prêmios (dinheiro, ingressos para espetáculos...) para seus telespectadores, outros fazem uso de “personagens” para conquistarem audiência, e alguns apresentadores são verdadeiras máquinas de disseminação do ódio.


Não me preocupo com o fato de um telejornal se transformar em circo. Aonde o apresentador quebra moveis, chuta computadores, e esbraveja para demonstrar sua indignação. Me preocupa o fato de que, ao invés de informação estamos absorvendo opinião. Já me peguei irado com noticias envolvendo crimes pelo simples fato do apresentador ficar gritando “vagabundo”, “marginal”, “monstro”... não nego que nesse momento de ira odiei o “suspeito” da reportagem pelo crime apresentado! Fico pensando o que essas palavras repetidas infinitas vezes na tv, durante uma reportagem criminal, pode fazer na cabeça de muitas pessoas. Principalmente daquelas que, munidas de paus e pedras correm para a delegacia para linchar o até então “suspeito”. Isso, definitivamente não é formar opinião!


Falando em suspeito, recentemente um rapaz foi preso acusado de ter estuprado e matado duas mulheres. Uma equipe da imprensa acompanhou o caso. Durante a exibição da matéria em um telejornal local, o apresentador não poupou esforços para que o “suspeito” (lembrando que: inocente até que se prove o contrário) fosse praticamente enforcado! Pois é... duas semanas depois, a polícia encerrou as investigações e prendeu o verdadeiro culpado... Não preciso dizer que a vida de nosso “suspeito” inicial acabou...


Esse tipo de jornalismo, que está também presente em outros meios de comunicação, é abusivo e manipulador. Eu penso que um jornalismo verdadeiramente interessante está longe de ser esse circo, mas não precisa ser chato e cansativo, cheio de mensagens subliminares também. Há muito ainda que se mudar no mundo... e para que haja mudanças é necessário informação... limpa, direta e principalmente... imparcial!

10 comentários:

Lugirão disse...

E ainda tem os "policiais"normalmente local, que a gente quase vê o sangue escorrendo pela tela da tv, cardíaco não pode assistir.

Complicado, eu assisto dois ou três e tiro minhas conclusões, pois a imprensa por mais de uma vez crucificou inocentes.

E a imparcialidade? ninguém sabe, ninguém viu!

Bom fim de semana.

Anônimo disse...

Oi Draker.
Cabe a quem assiste tirar as conclusões.
Eu por exemplo nunca fui muito ligada a telejornais, acho muito repetitivo.
o problema maior estar em querer ter audiencia e no que isso pode trazer.

Unknown disse...

Eu fico pirado com esses apresentadores que fazem o maior esparro enquanto apresentam as noticias. Pra mim isso não é jornal, é circo, mas circo é o que o povo quer!

Eu até olho o Jornal Nacional, não acho que seja o tipo de jornal televisivo ideal, até porque eles não são completamente imparciais, muitas vezes fazem o jornal baseado nos interesses da Globo, porém, ainda é o jornal que mais se preocupa em passas informação e não em dar opinião como se estivessem narrando um rodeio.

Sou totalmente contra esses tele-jornais estilo "espetáculo", como o que o Datena faz e como estão começando a surgir alguns aqui no sul. Acredito que lugar de sensacionalismo é em programas de auditório, estilo Gugu Faustão, e não em programas que se intitulam "jornais" sem fazer jus ao nome que carregam!

Bruna disse...

Ol�... obrigada, escolhi o template com carinho mesmo!!!

Mas sobre teu novo post, novamente fico impressionada com a qualidade do teu post...quem me dera escrever assim!!

Sou estudante de jornalismo e tamb�m me piro com certos tipos de informa�es e telejornais...

mas sinceramente prefiro o jornalismo opinativo. Mas � claro, aquele que n�o v� influenciar a opini�o e nem o fato real!

Abra�o...!

Raquel Reckziegel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raquel Reckziegel disse...

Drake,

Infelizmente, acredito que o telejornalismo oscila entre dois extremos: os telejornais sisudos demais e outros que são um verdadeiro circo.
O telejornal sisudo acaba por ser chato e, uma vez que termina, faz o telespectador querer cortar os pulsos com as tragédias atrás de tragédias que acontecem. Já o circo é absolutamente sensacionalista e nem um pouco imparcial. Não gosto desse tipo de jornalismo. Pode soar um pouco utópico, mas o bom jornalismo, para mim, é aquele no qual as pessoas possam compreender a notícia e formar sua própria opinião sobre ela - o que não acontece, já que as matérias normalmente são dadas já com uma entonação e palavras tendenciosas.

Ainda não se encontrou um meio termo, que, acredito, seja o "ideal" para que possamos assistir a um telejornal diferente, dinâmico, com credibilidade e imparcial.

Belo post. Fazes Comunicação?

Lugirão disse...

Cadê você? trabalhando muito?

Boa semana.

Anônimo disse...

Vim deixar um abraço.

Lugirão disse...

Eu sumi, voltei, e você não voltou.

De qualquer maneira, te deixo um abraço, e o desejo de que retorno e nos brinde com seus post inteligentes.

Pâmela disse...

É,parece mesmo que os comunicadores não tem muita idéia do poder que a palavra tem. O jornal acaba focado pura e simplesmente na audiência e nãos e preocupa com o que realmente deveria importar, que a informação verdadeira e imparcial.

Isso é Brasil, vamos festejar...
=(