11 de maio de 2008

A difícil Arte de Saber o Que Realmente Pensamos

Já se perguntou se o que você pensa sobre as coisas que acontecem a sua volta é realmente um pensamento seu? Dizem que vivemos em constante mudança e que é melhor termos várias opiniões ao longo da vida sobre um mesmo assunto do que termos uma opinião formada sobre tudo.

Mas será que as mudanças de opinião que temos não são apenas indícios de nosso envolvimento em outros grupos da sociedade? Será que ao longo de nosso crescimento nós apenas absorvemos dos grupos que somos obrigados a conviver a opinião de uma maioria, refletindo o desejo de sermos aceitos por estes?

Partindo do pressuposto que isto seja verdade, posso afirmar com convicção que não vivemos “mudando” mas sim em conflito, crescemos em conflito com 3 fatores distintos, a opinião absorvida anteriormente, a pressão que sentimos do desejo de sermos aceitos por aquele grupo que desejamos, pressão essa que traz vários outros aspectos provenientes de cada caso em comum e a opinião nova, proveniente da maioria deste grupo.

Sendo assim, quando realmente manifestamos o que realmente pensamos a respeito das coisas que nos circulam? Acredito que a resposta para isto esteja no momento exato em que sentimos essas coisas. Num breve momento entre a vivencia de uma experiência e a manifestação da razão adquirida pela convivência com os grupos nos tornamos verdadeiros. Mas a partir deste ponto vivenciamos o conflito, porque acabamos por evitar qualquer raciocínio próprio em prol desta razão adquirida (ás vezes esse ato de ignorar aquela voz interior que suplica por viver é feito de forma inconsciente), evitamos pensar por nós mesmos por várias razões, mas creio que os fatores principais sejam: a razão adquirida (ou burra como preferir) já possuir um pré-julgamento daquela situação, julgamento esse baseado no senso comum (uma “idéia” já concebida por uma maioria, ou minoria também, visto que acredito que somos “tribais”, uma idéia ou concepção comum a um certo número de pessoas) e claro, pelo simples fato de que queremos a aprovação desse grupo, dessa maioria... o desejo talvez instintivo de sermos aceitos pela “matilha”.

Freqüentamos esses grupos para não nos sentirmos solitários, para termos voz e vez, para podermos amar e sermos amados, para não sermos julgados (e muitas vezes julgarmos outras pessoas pelas regras do grupo)... e por tantos outros motivos que me perderia no assunto falando deles... buscamos justificar esse agrupamento, esse senso comum dizendo que encontramos afinidades que nos aproximam, que as qualidades e a forma de pensar desses indivíduos se assemelham a nós ou até a barbárie frase de que, “o santo bateu com o dele”, “meu anjo da guarda foi com o da outra pessoa” (formas talvez de se evitar o pensamento individual e justificar a aproximação de determinado individuo ou grupo)..

Somos seres influenciáveis, não existem dúvidas a respeito disso, basta uma pequena experiência para que algo mude nossa forma de ver as coisas, essas experiências podem ser ruins ou boas, mas nem sempre são plenas, a plenitude está em vivenciar algo por inteiro, na entrega, na busca pelo entendimento do que realmente sentimos ou queremos, na busca do conhecimento de nós mesmos. Mas viver na plenitude inclui riscos, riscos não permitidos por nossa razão adquirida, acabamos por viver coisas pela metade, em prol da aprovação de nossa razão adquirida que age como um órgão regulamentador de nossos atos, uma razão que nos permite viver pela metade e mesmo assim escondido, uma razão que impõe regras e que às vezes se faz de cega, deixando-nos viver algo novo ou diferente do que permite o senso comum apenas para poder renovar o controle sobre nós mesmos... e por incrível que pareça, quase sempre, a não plenitude de nossas experiências nos faz permanecer com o senso comum...

Viver se restringindo é como nadar com roupa totalmente impermeável, a experiência não é completa, a conclusão que você irá tirar desta experiência também não será completa... e consequentemente será moldada pela sua razão que se preocupa em tornar você um ser aceitável pelos grupos que você deseja. Se você criar coragem de mergulhar, mas por medo de viver você impermeabiliza-se, não poderá sentir a água, não saberá dizer com precisão se foi refrescante ou se a temperatura estava realmente agradável ou não, mas o pior disso é simplesmente não ter certeza se haverá outra oportunidade.

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