12 de maio de 2008

Dias Perdidos na Escuridão

Espero ansioso o dia de sorrir ao acordar, mas ao pensar nisto, sinto mais distante esse dia, tento buscar o equilíbrio, manter a nevoa que encobre meus olhos cada vez mais densa, só assim evito ver o que realmente me circula, e consigo assim continuar a almejar o dia de amanhecer sorrindo.

Ah nevoa... protetora de minhas manhãs enigmáticas e solitárias, rodeado de sons me perco em pensamentos.... acordo antes do previsto... em verdade ainda não dormi, em meio a pensamentos confusos ensaio o despertar, sons... de um agito solitário... retribuição de atos praticados... por quanto tempo ainda ei de enfrenta-los? Não sei... a nevoa que me acompanha me impede de ver... ainda não sei por quanto durará... talvez dure até que termine... que se acabe... acho que gosto...

Tarde de desalento... pensamentos vem... pensamentos vão... sozinho de novo sinto começar o arder do fogo... velho companheiro... incapaz de um gesto altruísta... queima e me açoita.... desespero... tristeza... horas incontáveis... confiança que se foi... e talvez nem retorne... anda a exibir em gestos simples o símbolo da unificação agora sem sentido... não pelo fato de vagar sem direção... mas por evitar a confidência por preservação... egoísmo... mas entendo seus atos... não sofro mais por amor... não há dor... esse leve desengano acompanha meus passos... rastro da vida que resiste seguindo... omitindo... fantasiando...

Oh noite, a angustia é gritante... sem medida ou objetivo... sem algum motivo que seja... persegue-me feitos de um grupo... prendo-me ao pouco de dignidade que resta... acompanhando o ritmo das ações... faço minha parte imbuído de mínima esperança, que em algum momento, seguimentos de alegria me sejam verdadeiros! Juntos... desesperança, omissão e inocência... trio perfeito... nevoa que se dissipa... não vá... volta! Em meio a confusão dos ruídos que retornam, me sinto acuado como um cão... a espera de uma ação verdadeira... de um pequeno ato de piedade.... para fazer-me continuar... que verdade pode haver para mim que estou vazio... e essa angustia latente, chega a ser vibrante... qual seria a espera de viver por viver, sendo que cada dia é apenas mais uma repetição do dia anterior...

Madrugada adentra... clara é a visão... os sons se dispersam... na ausência das palavras, a mente é inundada de gritos... não houve nesta noite piedade... às vezes me sinto aliviado... sim, ainda há orgulho... mas não agora... porque nesse momento sinto a inquietude corroer... melhor assim... sem nevoas, vejo repousarem aqueles que, acredito merecerem... renovadas sejam suas forças e esperanças... mais próximo de mim, espero que alcance vôos mais distantes fora dessas paredes do cárcere, quero que voe alto e constante... para que finalmente eu possa dormir... pelo menos por hoje...

Sempre acreditei que podíamos ser do tamanho de nossos sonhos... ainda acredito... mas qual o tamanho de alguém que já não sonha mais... não deseja... que o mínimo que espera, sem direito, ainda lhe é negado... eu já não sonho mais... tento me resolver sozinho, peço silêncio ao interior de mim... busco no crepúsculo uma pequena gota de prazer fantasiado por outros... porque não mais sonho... e me esforço para me deitar antes do raiar, antes que a nevoa volte e torne minha noite em vão... porque também... não durmo mais...

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